domingo, 23 de setembro de 2007

Cenários para o Futuro da globalização: do contexto actual ao contexto extremado.

Quando falamos em relação ao futuro, temos que ter noção de que é algo sempre incerto, tendo nós sempre de falar por suposições, do que ocorrerá se se mantiverem os mesmos padrões de hoje em dia.

Desta forma destacamos então qual será a situação no futuro se a globalização continuar com os ritmos actuais, em vários pontos chaves.

A nível da produção económica

Situação actual:

  • A divisão social e internacional do trabalho tem vindo a ser substituída por uma divisão técnica do trabalho.
  • Descentralização da produção.
  • Desmaterialização de mercadorias.

Situação extremada:

  • Equilíbrio da actividade produtiva em qualquer localidade, determinada só por vantagens físico – geográficas

A nível do comércio

Situação actual:

  • Barreiras tarifárias mínimas
  • Substanciais barreiras culturais e não tarifárias
  • Neomercantilismo regional

Situação extremada:

  • Liberdade absoluta das trocas entre localidades
  • Fluxos indeterminados de serviços e de mercadorias simbólicas

A nível dos mercados financeiros:

Situação actual:

  • Globalização em larga medida alcançada

Situação extremada:

  • Descentralizado, instantâneo e “desestatizado”

A nível do mercado do trabalho:

Situação actual:

  • Regulamentação estatal crescente
  • Pressão individual considerável para oportunidades de migração económica

Situação extremada:

  • Livre circulação do trabalho
  • Inexistência de identificação permanente com a localidade

A nível das formas de organização do trabalho:

Situação actual:

  • O paradigma da flexibilidade tornou-se ortodoxo, mas permanecem práticas fordistas.

Situação extremada:

  • Resposta flexível para os mercados globais

A soberania do Estado:

Situação actual:

  • Crise e enfraquecimento do Estado.
  • Evidência da agregação e descentralização dos poderes do Estado.

Situação extremada:

  • Ausência de Estados soberanos
  • Vários centros de poder em nível global, local e intermédio.

A nível das organizações internacionais:

Situação actual:

  • Multiplicam-se, embora com relativamente menos poder.

Situação extremada:

  • Poderosas: predominantes sobre as organizações nacionais.

A nível das relações internacionais:

Situação actual:

  • Enfraquecimento do sistema de superpotências.

Situação extremada:

  • Relações internacionais fluidas e multicêntricas.

A nível dos esforços para a resolução de problemas:

Situação actual:

  • Incidência crescente do binómio globas-local.

Situação extremada:

  • Questões locais no contexto da comunidade global.

O caso Português



Falemos agora da globalização mas no que concerne ao nosso país.

Para falarmos de Portugal e da Globalização é fundamental fazermos referência a Boaventura Sousa Santos e António Barreto pois têm sido quem mais tem estudado o processo de globalização.

O incremento da globalização foi algo que só ocorreu nos últimos anos, pois não podemos esquecer que vivemos uma ditadura, que em muito contribuiu para o actual atraso que temos face aos outros países da União Europeia.

Durante a ditadura o nosso país era caracterizado por uma grande homogeneidade, pois esta determinava o modo das pessoas se comportarem, havia um elevado grau de analfabetismo, uma ausência de democracia e a existência de um estado centralizado.

O nosso sistema capitalista era débil, não tínhamos competitividade internacional.

Tínhamos uma forte incidência de pobreza numa sociedade dualista.

De acordo com António Barreto as mudanças não se situam após o 25 de Abril, mas antes no início da década de 60

Temos então nesta época uma conjugação de factores sociais e culturais, que levaram as desencadear das mudanças, nomeadamente a imigração para França. O impacto desta não se faz sentir apenas pela entrada de remessas monetárias mas também pela mentalidade que vai sendo moldada.

A progressiva abertura ao exterior, proporcionada pelos emigrantes é um dos principais factores de transformação social que contribuiu para o 25 de Abril.

Foi após o 25 de Abril que as mudanças se tornaram mais visíveis, apesar de já ocorrerem antes.

Segundo Wallerstein que efectuou uma análise das relações comerciais e cientificas que se estabelecem entre países do centro, de periferia e de semi-periferia, Portugal situa-se no centro, mas esta posição é apenas pela sua integração na União Europeia.

Segundo Boaventura Sousa Santos, Portugal é semi-periférico tem a imaginação do centro, isto é, temos as expectativas dos outros Europeus o que cria uma sensação de frustração por não podermos ter o mesmo nível de vida.

Para António Barreto, Portugal está na periferia do centro, ou seja, em termos políticos e culturais pertencemos à Europa e temos um consumo e mentalidade em tudo semelhante à Europa.

Isto quer dizer que Portugal tem um padrão de desenvolvimento intermédio, tem características que o aproximam dos países mais desenvolvidos e características que o aproximam dos países menos desenvolvidos.

Como já vimos no que concerne à Legislação, mentalidade, práticas e expirações de consumo, padrões, é igual aos países desenvolvidas, mas no que diz respeito ao nível de capacidade Industrial, técnica, produtiva e científica estamos próximos dos países em vias de desenvolvidos.

Em termos sociais em vez da homogeneização característica da época da ditadura, temos agora uma heterogeneidade, devido à forte entrada de estrangeiros no nosso país, passando o nosso país a ser receptor em vez de emissor.

Consideremos que nos últimos 30 anos o nível de vida dos Portugueses melhorou bastante, só que as desigualdades sociais aumentaram também, bem como a pobreza.

Desta forma consideramos que a globalização foi algo benéfico para o nosso país hoje vivemos em democracia e com uma acesso facilitado a todos os meios de informação, desde a Internet à televisão, o que nos faz ter padrões iguais aos do resto dos europeus, só que a nível social os efeitos não foram contidos e o aumento da pobreza e das desigualdades sociais fez-se sentir.

Globalização contra – hegemónica (O caminho)


No que concerne à globalização contra hegemónica, esta caracteriza-se por não se inserir na globalização dominante, afasta-se e luta contra a globalização hegemónica.

A opinião pública mundial começa a dar vida a milhares de organizações não governamentais, que vão resistindo à globalização hegemónica e formulam alternativas.

Estas organizações têm em comum a ideia de que a dignidade humana é indivisível e só pode florescer em equilíbrio com a natureza.

Temos duas formas de Globalização contra – hegemónica, o Património comum da Humanidade, ou a emergência de temas, que pela sua natureza, são tão globais como o próprio planeta e são geridos pela comunidade internacional.

A segunda forma é o Cosmopolitismo, caracteriza-se por grupos ou classes que se organizam na defesa de interesses percebidos como comuns. É uma forma de resistência aos localismos globalizados e aos globalismos localizados, isto é, uma resistência à globalização hegemónica.

Globalização hegemónica

Para falarmos da globalização hegemónica temos que dizer que esta é aquela que domina, que é composta por a Tríade de Democracia, Neo-liberalismo económico, e o modo de vida americano.

Actualmente a globalização hegemónica é insustentável.

Existe uma contradição insanável entre a economia neoliberal e o bem-estar da maioria da população mundial.

A liberalização das trocas sem condições é como um combate de boxe entre um peso-pesado e um peso-pluma, onde os países do centro, tem sempre supremacia sobre os países da periferia, saindo estes últimos sempre em desvantagem.

Se os países, endividados em dólares, pudessem resistir à desvalorização das suas moedas não veriam as suas dívidas aumentar por mero efeito da desvalorização.

Esta globalização tem duas formas, a primeira é o Localismo Globalizado, que se trata do processo pelo qual determinado fenómeno é globalizado com sucesso, temos como exemplo a Mcdonald’s e a língua Inglesa, algo que começou por ser localizado e passou a ser globalizado, persiste no tempo.

Seguidamente temos o Globalismo localizado, que é o impacto específico de práticas e imperativos transnacionais nas condições locais.

Os benefícios da globalização ao longo da historia


Quando falamos em termos de globalização, e já quando falei nas origens desta, destaquei que já na aurora dos tempos esta se mostrava.

Assim sendo farei uma breve alusão e alguns períodos históricos que considero importantes para constatar os benefícios da globalização ao longo da história.

A globalização começou antes de Cristo, onde a civilização Helénica e a civilização Romana permitiram a expansão do mercado entre cidades tão distantes como o Norte de África, o Norte da Europa e o Meio Oriente. Estas trocas foram possíveis, claro, devido ao mar Mediterrâneo. Em maior ou menor escala todas as regiões participaram neste processo e viram-se beneficiadas com o aperfeiçoamento das suas técnicas, através da aquisição de conhecimentos que adquiriam nas trocas que se efectuavam entre as diferentes civilizações, o que ao longo dos tempos levou a uma melhoria da qualidade de vida dos Homens naqueles tempos.

Nasceu então nesse tempo a Filosofia, a Matemática, a Medicina, a Geografia, a Astronomia, o Direito, e os sistemas de Governo Democráticos, que se foram expandindo ao redor do mundo. Começando na Grécia toda a civilização e que foi mais tarde dominada pelos Romanos que aproveitaram grande parte do desenvolvimento que os Gregos já tinham alcançado.

Exemplo desta expansão é o alfabeto que hoje utilizamos, tendo sido seus criadores os Fenícios, expandiu-se de uma forma rápida por todo o mundo, este povo havia também naquele tempo criado uma extensa rede de rotas de navegação.

Aquando da Idade Média devido a varias conjecturas desde Guerras, fomes e Pestes a Europa viveu um período de “escuridão”, onde a evolução alcançada pelos povos bem como a globalização retrocedeu.

O comércio dava-se a nível local e cada região da Europa fechou-se em si mesma. Perdeu-se o contacto que até então existia entre os povos.

A globalização desapareceu arrastando consigo instituições, leis, normas, culturas, para ficarem apenas retratadas em livros ao cuidado de monges nos mosteiros à espera do Renascimento, momento em que se inicia o lento processo que nos levaria até à globalização actual.

A que reter que sempre ao largo da história aqueles cujos monopólios e privilégios se viam afectados pela liberalização do comércio, opunham-se a essa mesma liberalização.

A favor da globalização



Assim como existem vozes que se erguem para falar contra a globalização, temos também que dar a conhecer as opiniões que falam a favor da globalização.

Esta deve ser tomada como uma possibilidade de desenvolvimento e crescimento, mas este não surgirá de forma automática, como se se trata-se da aplicação de uma simples receita.

Está condicionada por o tipo e formas de medidas que se adaptam.

Podemos resumir dizendo que a globalização é potencialmente benéfica, sempre e quando se tem em conta as características e o contexto de cada país e região.

Esta pode beneficiar os países se gerida correctamente, pois a abertura ao comércio internacional permite a numerosos países crescer rapidamente.

Actualmente e graças à globalização as pessoas vivem mais e com um nível de vida mais elevado.

Tomemos como exemplo os países do Este Asiático que adoptaram a globalização sob as suas próprias condições e o seu próprio ritmo, desta forma conseguiram crescer rapidamente sendo esta um benefício enorme.

É fundamental que os países tenham consciência do leque de opções dentro das quais se podem mover e em função disso tentar adoptar a que mais lhe convir, independentemente das opções feitas pelos outros países que dominam o sistema económico mundial.

Trata-se de criar as condições macroeconómicas e o ambiente de negócios propício para que seja possível o desenvolvimento, crescimento e produtividade com acesso a meios de funcionamento que permite competir com outros países do mundo e modernizar-se para que estes possam instalar-se no contexto internacional.

É essencialmente decidir sem políticos corruptos, sem leis e normas incoerentes que avançam e retrocedem, conforme os partidos políticos que estão no poder, que fazem desincentivar os investimentos que inicialmente haviam sido incentivados.

É notório que a globalização gera desigualdades sobretudo a nível social, mas para muitos defensores a solução não é evitar a globalização mas sim conter os seus efeitos adversos.

Trata-se de remediar as suas falhas e potenciar as suas virtudes e aí o saldo da equação custo-benifício será positiva.

Descuidar os efeitos da liberalização económica sobre certos sectores sociais, que não estão aptos para se adaptarem a mudança, poderia gerar perigosas consequências políticas para a humanidade, como aconteceu na década de 30 na Europa com o surgimento dos nacionalismos.

Sempre em todos os momentos da história os sectores que se viam prejudicados, opõem-se à mudança e não foi por isso que se retardou o progresso.

O correcto é efectuar de todos os modos as reformas pertinentes, para ao mesmo tempo levar adiante politicas de contenção dos sectores excluídos para encobrir a sua perda de benefícios e assim reduzir o seu natural e lógico conformismo.

Críticas à globalização económica

Críticas à globalização económica

Quando se fala em globalização existem logo vozes que se levantam contra esta.

As principais criticas que se fazem a globalização é o facto de esta ser injusta, pois não se realiza de uma forma universal nem homogénea e muito menos se expande de forma igualitária. Assim sendo a globalização não é para todos, só participa dos seus benefícios um terço da população.

Para tal podemos aqui expor dados que demonstrem isto mesmo. Em 6.500 milhões de pessoas, 3.000 milhões ganham menos de 2 dólares por dia e outros 1.500 milhões, menos de 1 dólar por dia.

Podemos ainda destacar que, as três pessoas mais ricas do mundo têm activos superiores ao PNB somado dos 48 países mais pobres.

Como já aqui fiz referência existe um processo de globalização de uma cultura sobre as outras em particular do modo de vida Norte-americano – Walt Disney, Mc Donald’s e Coca-Cola – sobre outras culturas o que para alguns críticos tem como implicações a perda das identidades locais.

Isto inviabiliza fortemente a dimensão económica dos países e os seus sistemas produtivos que se mostram obsoletos para assimilar novas necessidades que se geram nos consumidores locais, produto da globalização. Assim as estruturas produtivas obsoletas dos países subdesenvolvidos vêem-se forçados a desmantelar-se com consequente aumento do desemprego.

Em varias situações, tiremos como exemplo a agrícola que é a base de qualquer economia, só os países do chamado Núcleo, ou desenvolvidos, têm capacidades tecnológicas e os recursos necessários para realizar investimentos tecnológicos e cooperam entre si, afim de solucionar vários problemas que lhes vão surgindo.

Em oposição os países pobres, da periferia, tem pouca interacção entre si e continuam a tentar por si só construir a sua identidade de Estado. Desta forma a globalização tecnológica que baixa custos e melhora os meios de cultivo dos alimentos não chegou a todos os países do mundo por igual.

Á medida que, fruto da globalização, o mundo passa de uma economia agrícola a uma industrial e desta para uma de informação, as limitações e falhas dos mercados explicam cada vez mais o aumento do desemprego, e os mercados mostram-se incapazes de poder administrar os seus recursos eficientemente.

Por outro lado a liberalização dos sistemas financeiros implicou que muitos bancos locais fossem adquiridos por bancos estrangeiros em países subdesenvolvidos, os quais dificultam o acesso ao crédito das pequenas empresas locais, pois esses bancos são mais propensos a emprestar dinheiro a empresas transnacionais o que provoca a quebra das pequenas empresas locais e o consequente aumento do desemprego.

O sistema financeiro mundial com livre mobilidade de capitais incrementou a vulnerabilidade de muitos países a crises externas e aos caprichos dos investimentos especulativos.

Crises da Globalização

Como todas as políticas já tiveram as suas crises, durante os períodos que estiveram em vigência ao longo da história, a globalização não foi excepção.

Á medida que se incrementava o fluxo de capitais e a interdependência económica, surgiam crises internacionais que se iniciavam em um qualquer país do mundo em vias de desenvolvimento, e rapidamente contagiavam em maior ou menor medida o resto dos países em efeito dominó.

Em geral, as crises da globalização perturbam o acesso do governo e das empresas ao crédito internacional, que abanam as bolsas e os fluxos de fundos especulativos. Caem os preços das acções, logo trava-se o investimento, cai o PIB e aumenta a pobreza e o desemprego.

O consenso de Washington na América Latina e na Ásia Oriental


O primeiro país a aplicar as medidas do Consenso de Washington foi o Chile. Privatizaram-se empresas estatais e efectuou-se uma importantíssima abertura da economia, mantendo-se uma política fiscal monetária responsável.

Seguiu-se o México, nos governos entre 1982 e 1994, onde foram efectuadas várias reformas estruturais, reduzindo-se o défice fiscal e liberalizaram-se gradualmente o comércio.

Outros países nos quais se aplicou durante a década de 90 o Consenso de Washington, foram o Brasil, Argentina, Rússia e vários países da Europa Oriental.

Para o Banco Mundial as politicas do Consenso influenciaram positivamente o Milagre da Ásia Oriental, assinala que o Japão, Coreia, Singapura, Taiwan, China, Indonésia, Malásia, Hong-Kong e Tailândia, tiveram um rápido crescimento acompanhado de uma diminuição nas desigualdades sociais.

Ainda que se reconheça a influência da acumulação de recursos humanos, as políticas estatais de promoção das exportações e algumas intervenções do estado distorcendo os preços e dando subsídios as empresas, é atribuída como principal causa da dita performance, uma administração macroeconómica eficiente, que gera um ambiente estável propício para fomentar o investimento privado, a flexibilidade dos mercados laborais asiáticos também é destacada, pois permite elevar os níveis de emprego e consequentemente aumentar os salários, à medida que melhora a produtividade do trabalho derivado dos avanços tecnológicos permitindo um aumento dos investimentos.

Em suma, à que destacar que na prática, nenhum país aplicou todas as recomendações do Consenso de Washington.

Aspectos que caracterizam a globalização económica

O FMI e o Banco Mundial consideram a globalização boa para o crescimento dos países em vias de desenvolvimento, mas não por si só.

A globalização permite a um país crescer sempre que se liberalize o comércio e os mercados de capitais, e se mantenha uma rígida política fiscal e monetária.

O seu propósito é aumentar o crescimento com baixa inflação e sem défice fiscal.

A este conjunto de regras que deveria cumprir um país subdesenvolvido para se converter num país desenvolvido dá-se o nome de “Consenso de Washington”.

É este consenso que não só confere à globalização as suas características dominantes, como também legitima estas últimas como sendo as únicas possíveis ou as únicas adequadas.

Sendo também conhecido por “Consenso Neoliberal”, o Consenso de Washington adquiriu o seu nome pelo facto de ter sido em Washington em meados da década de 80, que ele foi subscrito pelos Estados Centrais do sistema mundial, as politicas de desenvolvimento, e especificamente o papel do Estado na economia.

Nem todas as dimensões da globalização estão inscritas do mesmo modo neste Consenso, mas todos são afectados pelo seu impacto.

São então considerados princípios que se têm como desejados para assegurar o crescimento económico.

Segundo o Consenso de Washington o Estado deve intervir cada vez menos na economia porque esta tem princípios auto reguladores.

A economia deve ser cada vez mais dominada e regulada por um sistema financeiro à escala global, daí a importância de agências financeiras como o Banco Mundial e o FMI.

Os processos de produção devem ser flexíveis e multilocais, ou seja, as empresas multinacionais não se devem prender pelas fronteiras nacionais.

Esta economia deve assentar no baixo custo dos transportes e nas tecnologias de informação e comunicação.

No que concerne as políticas económicas nacionais, estas devem abrir-se ao mercado mundial e os preços nacionais devem adaptar-se aos preços internacionais.

Deve dar-se prioridade à economia de exportação, promover-se a redução da inflação e da dívida externa.

Desenvolver a protecção aos direitos de propriedade, o sector empresarial do estado deve ser privatizado, pois as empresas privadas são mais eficientes que as estatais.

Por fim deve haver uma redução das políticas sociais do estado.

Desta politica económica resultou o aumento da produção à escala mundial a um ritmo de 20% anualmente, só que tem-se assistido a um aumento das desigualdades sociais, usamos como indicadores a saúde, esperança média de vida à nascença, análise das condições de vida de uma população.

Dimensão económica da globalização


Antes de mais carece dizer que a economia da globalização é regulada por três capitalismos transnacionais.

Sendo eles o capitalismo Americano, baseado nos Estados Unidos e nas relações que este mantém com o Canada e com a América Latina.

Temos depois o capitalismo Europeu, baseado na União Europeia e nas relações que esta mantém com o Norte de África e com os países de Leste.

Por último temos o capitalismo Asiático, baseado no Japão e nas relações que este mantém com o resto da Ásia.

Neste quadro os Estados nação limitam-se a cumprir as directivas lançadas pelo FMI, pela OMC e pelo Banco Mundial.

Aspectos que caracterizam a globalização

São considerados três os aspectos fundamentais que caracterizam a globalização, estes aspectos situam-se no campo político, económico e cultural.

No campo político temos então como característica associada à globalização, a democracia e a liberdade de expressão.

No campo económico o que o caracteriza é o Neo-liberalismo, por fim como característica no campo cultural temos o modo de vida americano.

A esta Tríade de democracia, Neo-liberalismo económico e modo de vida americano dá-se a designação de Globalização Hegemónica.

Dimensões da globalização e suas causas


O conceito globalização surge na década de 90, é um conceito que evolui, provém de uma nova forma de referir-se ao conceito Interdependência, assim apelidado na década de 70, para fazer referência à existência de efeitos recíprocos entre os países e as regiões.

A globalização é então uma espécie de interdependência com características especiais, onde existem redes de conexões e estas são feitas a grandes distancias, sobretudo entre continentes, não apenas entre as regiões.

Deve então reter-se que a globalização não é um fenómeno apenas regional, local ou nacional, mas mundial.

Quando falamos em globalização, e pensamos nas suas dimensões, as que nos ocorrem mais facilmente são a económica e a sócio-cultural, mas autores como Keohane e Joseph Nye dão-nos uma nova perspectiva das dimensões da globalização.

Estes mostram que para além destas duas dimensões conhecidas por todos, temos a dimensão do meio ambiente e a militar, passando então a globalização a ter quatro dimensões.

Estas quatro dimensões nem sempre ocorrem ao mesmo tempo, mas relacionam-se.

Tomemos como exemplo o período de 1915 a 1945, que são os períodos vividos pelas sociedades entre as duas guerras mundiais.

Neste período a globalização económica reduz-se e expande-se a globalização militar, dando-se nesse período o desenvolvimento da área militar, o que permitiu uma grande revolução das tecnologias de informação possibilitando mais tarde a que globalização económica e sócio-cultural se voltasse a expandir.

Actualmente a globalização está profundamente enraizada no nosso dia a dia, isto deve-se essencialmente a três fenómenos, sendo eles, o aumento das redes de contactos com maior intensidade nas relações económicas, sociais e culturais. A revolução tecnológica é outro fenómeno que reduz o custo das comunicações, possibilitando a expansão das ideias mais rapidamente junto com costumes, praticas e crenças.

Por último temos o aumento da participação transnacional, onde o volume e a intensidade dos canais de contacto disponíveis para a comunidade cresceu tanto que os actores sociais podem coordenar as suas actividades de forma mais eficiente, dando origem ao aparecimento de mais organizações internacionais com maior participação dos actores sociais apesar destes se situarem a muitos quilómetros de distância.

Concluindo estes fenómenos levam ao que David Harvey chama de aniquilação do espaço e do tempo em geografia.

Ocorre a redução do tempo e o encolhimento do espaço. O mundo passa a ser um campo único, no qual o capitalismo pode actuar e onde os fluxos de capital se tornam cada vez mais sensíveis de vantagens relativas de determinadas localizações.

Como e quando começou a globalização: 4 hipóteses quanto à sua origem e génese

Quando analisamos a origem da globalização podemos destacar vários marcos importantes ao longo da história, possíveis de marcarem o seu arranque, assim como autores que defendem diferentes origens.

Desta forma salientamos então quatro origens possíveis.

Á quem defenda que a globalização esta em curso desde a aurora dos tempos, tendo a partir daí os seus efeitos vindo a aumentar e tendo ocorrido recentemente uma aceleração.

Temos como segunda hipótese, a constatação de que o actual período de globalização dá continuidade à expansão do capitalismo e do Ocidente, iniciada com os descobrimentos.

Na terceira hipótese verificamos que a globalização é contemporânea da modernidade e do desenvolvimento do capitalismo ocorrida sobretudo no séc. XIX, e só recentemente conheceu uma aceleração.

Por último, temos a quarta hipótese que refere que a globalização é um fenómeno recente associado a outros processos sociais, designado como pós-industrializaçao, ou pós modernização.

Na minha opinião a globalização começou na aurora dos tempos, quando o ser humano começou a evoluir e as primeiras civilizações trocaram contactos.

Esses contactos entre os povos difundiram linguagens e modos de vida, nos últimos tempos, com a banalização dos meios de comunicação a globalização teve uma aceleração bastante rápida.

Sinónimos de globalização


Formação global, modernidades globais, cultura global, sistema global, processo global.

A preferência por um ou outro conceito depende do autor do texto e da sua preferência.

Definições

Anthony Giddens

“… é a intensificação das relações sociais, mundiais que unem localidades distantes, de tal modo, que os acontecimentos locais são condicionados por eventos que acontecem a muitas milhas de distância e vice-versa.”

Malcolm Waterns

Podemos definir globalização como um processo social através do qual diminuem os constrangimentos geográficos sobre os processos sociais e culturais, e em que os indivíduos se consciencializam cada vez mais dessa redução.

Keohane e Nye

“… a globalização é o incremento do globalismo, um estado de mundo em que existem numerosas redes de interdependências conectadas a distancias multicontinentais.

As mesmas encadeiam-se devido ao fluxo e influência de capitais, bens, serviços, pessoas, ideias e informação, assim como questões relativas ao meio ambiente…“